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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Vasco Jorge Rosa da Silva e Joaquim Neves Vicente

Vasco Jorge Rosa da Silva e Joaquim Neves Vicente
Santa Catarina da Serra
– Estudo Histórico e Documental

Integrado no Projecto da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra (Leiria) de reaver, valorizar e disponibilizar ao público, em geral, e aos santacatarinenses, em particular, o máximo de memória histórica possível e o máximo de património documental existente sobre a freguesia de Santa Catarina da Serra, de modo a preservar a memória colectiva da comunidade, num tempo de profundas mudanças societais e de perniciosos esquecimentos das nossas origens, deliberou a Junta de Freguesia, no mandato de 2009-2013, sob a presidência de Joaquim Pinheiro, contactar os autores deste Estudo Histórico e Documental para dar cumprimento a tão ambicionado Projecto.

O desafio era enorme em trabalho e maior ainda em responsabilidade. O repto foi aceite de bom grado porque ambos os autores são da terra e ambos se reviram na relevância de deixar à geração actual e às gerações vindouras a narrativa dos tempos e das vidas que já lá vão e, sobretudo, reviram-se na importância de fixar documentalmente os tempos das origens e os tempos dos desenvolvimentos em quase cinco séculos de existência da comunidade de Santa Catarina da Serra. Faltava à freguesia e à paróquia uma obra que substanciasse, documentalmente, o trabalho iniciado, e bem, por Domingos Marques das Neves.
Levantando um pouco a ponta do véu para aguçar o apetite natural do leitor genuinamente interessado, dir-se-á apenas que o território de Santa Catrina da Serra nos tempos das origens era bem mais pequeno do que é hoje. Que parte lhe foi acrescentada depois, isso se dirá no corpo do texto. Santa Catarina da Serra integra hoje mais de uma vintena de aldeias. No início, eram bem menos; menos de metade, até. Perguntará o leitor quantas eram então. Perguntará mesmo quais foram as aldeias fundadoras. A resposta está bem documentada num dos primeiros capítulos. Santa Catarina da Serra foi contemplada com um privilégio real, concedido por um rei estrangeiro. Quem foi ele e que privilégio era esse, isso o leitor saberá, se tiver a paciência de o procurar no corpo do texto. A paróquia foi contemplada com privilégio especial concedido por um Papa e renovado pelo menos por duas vezes. Reproduzem-se em foto os três documentos vindos de Roma, assinados e com selo pontifício. Santa Catarina da Serra teve Confrarias ricas e apetecidas pelo Estado, cujos Estatutos foram revistos por lei do Governo liberal. Isso foi justo e legítimo? A certa altura, todos os bens móveis e imóveis da igreja paroquial e das capelas foram confiscados pelo Estado, incluídos os objectos sagrados. Perguntar-se-á por que razão e com que direito. A igreja-matriz actual teve planta de um dos mais consagrados arquitectos portugueses e por isso era muito cara a construção do templo, o que levou a muitos desentendimentos entre o povo, porque muitos preferiam outro e mais modesto projecto. Quem serenou os ânimos e levou o povo a construí-la?
Estes são apenas alguns dos muitos tópicos para aguçar a curiosidade do leitor amigo de conhecer a sua terra e as suas vicissitudes históricas.
O presente Estudo Histórico e Documental também se constituirá num desafio para encontrar resposta para outras e mais controversas perguntas. Santa Catarina da Serra foi sempre uma freguesia de matriz conservadora e católica. Teve muitos homens instruídos em letras, é verdade, mas quase só em letras sagradas e religiosas, pelo menos até meados do século XX. Isso foi bom e só bom? Em Santa Catarina da Serra, as eleições são sempre ganhas pela direita política. Terá isso alguma coisa a ver com a matriz católica? Em Santa Catarina da Serra há muitas ruas com toponímia de santos e de padres, mas não há nenhuma Rua da República, nenhuma Rua 25 de Abril, nenhuma Rua António José de Almeida ou equiparadas. Será só por acaso?
Com a deliberação da Junta de Freguesia, tomada em tão boa hora, e com o trabalho paciente e empenhado dos autores, quis-se dar sequência a um trabalho de memória à altura do passado honroso da freguesia, não tanto para o guardar bem conservado mas, sobretudo, para lhe dar hospitalidade no coração das gerações presentes, num tempo que vive na voragem do sempre novo, pondo em perigo as referências históricas identitárias.
Votar ao esquecimento a vida e a obra, os sentimentos e os valores dos que nos antecederam seria privá-los do direito de continuarem a conviver familiarmente connosco. Recuperá-los e dar-lhes futuro na nossa memória e nas nossas práticas será, ao invés, prolongar-lhes essa mesma vida e obra, sentimentos e valores num gesto bonito de acolhimento agradecido. Recordar os que nos antecederam no nosso torrão natal e sondar de forma compreensiva as promessas de futuro que neles moravam é trazê-los de novo ao quente convívio humano e à existência imorredoura. Interpretar e adaptar aos novos tempos os sentimentos respeitáveis que tinham perante a vida e a morte; auscultar e traduzir em linguagem renovada a moral que os guiava, a esperança que os sustentava ou a fé que os animava representa seguramente o contributo mais valioso para que, descobrindo o passado, se preserve o futuro da precariedade da vida e do vazio de sentido.
Fazer justiça à memória dos nossos avós, bisavós… implica dar hospitalidade às sábias mensagens que nos legaram e aos prudentes conselhos que nos deram. Reter e conservar-lhes as habitações, os utensílios e os demais haveres de nada nos preserva o futuro se não lhes escutarmos o sentido e o espírito com que os produziram e os adquiriram. Um trabalho de investigação histórica feito por dever de memória há-de ser também e sempre um trabalho de hermenêutica do sentido, dos afectos e dos valores.
Oxalá, este Estudo Histórico e Documental, agora vindo à luz, permita às gerações presentes e às vindouras, mediante um contacto atento e crítico com o passado, rasgar horizontes de sentido e de valores para o presente imediato e o futuro próximo.
Nesta nota de abertura tem de caber também uma palavra de agradecimento por parte dos autores para com todos e todas quantos, para além dos promotores da obra, tornaram possível o trabalho de investigação documental. Os autores agradecem o acolhimento e o apoio dos diligentes funcionários do Arquivo Nacional da Torre do Tombo e do Arquivo Distrital de Leiria. Agradecem o acolhimento personalizado do Dr. Nuno Mourato, Bibliotecário-Arquivista da Fundação da Casa de Bragança, de Vila Viçosa, e as digitalizações que nos fez chegar. Agradecem muito sensibilizados o estímulo pessoal e o apoio documental proporcionados pelo Rev. Dr. Luciano Coelho Cristino - o maior especialista da história da Diocese de Leiria. Ao Rev. Padre Mário Verdasca agradece-se a consulta e recolha documental feita no Cartório Paroquial. Ao Sr. Pedro Oliveira, da Pinheiria, sua esposa e sua filha Conceição agradece-se a disponibilização de tantas memórias fotográficas. À Catarina Oliveira Neves agradece-se a leitura atenta e avisada dos textos e documentos da versão preliminar e das provas tipográficas.

Joaquim Neves Vicente

VASCO JORGE ROSA DA SILVA nasceu na freguesia de Santa Catarina da Serra, concelho de Leiria, a 6 de Janeiro de 1979. 
Frequentou o 1.º Ciclo na Escola Primária de Magueigia, tendo transitado, em 1989, para o Colégio de São Miguel, onde estudou até 1997. Em seguida ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde cursou História, tendo terminado, em 2001, com a média de 16. Depois de concluir o estágio profissional na Escola Básica EB 2/3 Martim de Freitas, em Coimbra, em 2002, com 16 valores, foi convidado, como paleógrafo, para colaborar no projecto "Portugaliæ Monumenta Misericordiarum", da Universidade Católica Portuguesa e da União das Misericórdias (2003-11). Em Julho de 2010, iniciou, como técnico superior, a função de arquivista na Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros, SGPCM, em Lisboa. Foi avaliado com 19 valores. 
Dos 400 títulos que publicou é de destacar: "Vivência da Guerra no Outono da Idade Média", do vol. 5, da "Nova História Militar de Portugal", do Círculo de Leitores, em co-autoria com o Doutor João Gouveia Monteiro (2003); "Leiria: na Rota do Património", Mem-Martins, Ferraz & Azevedo, Lda. (2004); "Prisioneiros de Guerra no Portugal da Idade Média", Porto, Edições Ecopy, (2007); "História da Astronomia Medieval Portuguesa", Porto, Edições Ecopy (2008); "A Beira no contexto das Invasões Francesas: 1807-11", Porto, Edições Ecopy (2010); "Loureira 1610-2010 - Estudo Histórico e Documental" (2010), com a colaboração do Doutor Joaquim das Neves Vicente; e "Valle do Summo: 1610-2010". Publicou inúmeros artigos em revistas científicas e culturais especializadas. Colaborador com Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência, no site do Instituto de Camões. Responsável pela leitura e transcrição das Memórias Paroquiais de Ourém (2012) e Alcanena (2013). Colaborador, desde 2007, do Centro de História da Sociedade e da Cultura, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

JOAQUIM NEVES VICENTE natural de Loureira, freguesia de Santa Catarina da Serra, concelho de Leiria. Habilitações académicas: licenciatura em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra - FLUC (1979); mestrado em Filosofia Contemporânea na FLUC (1991) e doutoramento em Filosofia da Educação na FLUC (2008). 
Experiência profissional: professor do ensino básico (1976-1979); professor do ensino secundário (1979-1990); assistente e professor universitário da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1990-2012); professor da E. S. Domingos Sequeira (2011-2013).
 Outras actividades: professor na Escola de Enfermagem de Leiria, professor no ISLA de Leiria, professor na Escola Superior de Educação de Torres Novas, professor na Universidade Católica; colaborador do Ministério da Educação; coautor dos actuais programas de Filosofia do ensino secundário; e investigador da Fundação para a Ciência e Tecnologia (Unidade I&D LIF - FLUC). Publicações: autor de vários manuais escolares de Filosofia (Porto Editora): Do Vivido ao Pensado (10.º e 11.º anos) e Razão e Diálogo (10. e 11.º anos); autor de múltiplos artigos em revistas científicas e actas de congressos nas áreas de filosofia, educação, formação de professores e ensino da filosofia. Tese de doutoramento: Educação, Retórica e Filosofia. Subsídios para uma Filosofia da Educação Escolar, Coimbra, FLUC, 2008.

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